quinta-feira, 27 de novembro de 2008

As minhas asas levar-me-ão sempre que quiser chorar


Ganho asas e voo para longe daqui...
Gosto de chorar sózinha, de pensar sózinha...
Voo para longe onde posso gritar, onde posso chorar até perder as forças..
Chorar e soluçar como uma criança.
Porque chorar me limpa a alma, alivía as minhas agonias e angústias...
Choro num acto de desespero, porque já não aguento mais...Não consigo! Tenho de explodir, vivo sem respirar.
Acumulação de tudo e de nada, revolta por tudo o que não consigo.
Choro...Choro desesperada no primeiro sítio que consigo pousar! Grito onde ninguém me possa ouvir. As minhas lágrimas caem e tocam o chão como pedras, escorrem-me pelo rosto como se fossem ácido..e cada uma delas são tudo o que eu gostava de ser, todos os sonhos que perdi, todas as frustações por causa de ti.
Ódio? Não...não sou ninguém para odiar...
Choro até à minha volta se formar uma lago, onde se reflectem todas as mágoas que o criaram!
Agora,
Que expulsei o sufoco que me doia até a respirar...e que os meus demónios se acalmaram, volto para o mundo de sempre...
Mas sei que pelo menos as minhas asas estarão sempre comigo para me levarem até ao meu refúgio, um qualquer lugar onde ninguém me veja, ninguém me ouça, ninguém me julge...
As minhas asas levar-me-ão sempre que quiser chorar e não me vão abandonar como tu sempre fazes!

quinta-feira, 20 de novembro de 2008


Um olhar que permanece comigo desde o primeiro dia.
Um cheiro que me traz de volta ao inferno a cada segundo sem ter a sua fonte por perto.
Os pormenores que de súbito passaram a notar-se, a fazer sentido e a serem tão indispensáveis como se sempre tivessem lá estado.
Um calor que ainda sinto, mas sempre tão fugaz como da primeira vez...
Como se tudo fosse desaparecer no minuto seguinte...
A carne, o desejo, o toque, a sensação, o sabor, as bocas que percorrem os corpos como se sempre os tivessem conhecido e saboreado...as mãos que se tocam e tudo pára... O físico, o que nos dá terreno para termos uma mera lembrança, algo concreto...e que no fim não é nada!
Nada, nada disto tem importância...É como se nunca tivesse existido depois de um olhar, de uma expressão, de um sorriso esboçado sem se mexerem lábios doces de pecado, ternos de agressividade...
Nada, tudo perde valor diante de um olhar que deita por terra qualquer réstia de força, de vergonha, de orgulho... ´
Um olhar de soslaio que faz perder a noção de tudo o que é certo...
Um olhar tão distante mas que um dia esteve tão perto...
Um olhar que magoa mas que aquece, que fere e que lambe a ferida...
Um olhar tão quente e tão gélido...
Porque o gelo queima, queima como o desejo de me deitar sózinha, nua, desprovida de qualquer protecção, à mercê de tudo...e sentir um arrepio como se fosse o teu corpo a cair sobre mim para me olhar...
Um olhar que nada esconde e que tem tantos segredos, que me trava antes de avançar e que me prende quando eu só me quero libertar...

terça-feira, 18 de novembro de 2008

breve...


E assim aquele que ela tanto deseja desaparece como fumo numa noite de nevoeiro...
Permanece imóvel, silencioso...
Abandonando-a, mas dando-lhe asas para que possa viajar deliciosamente pela loucura da sua imaginação...

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Penumbra


É tão bom sentir a pele a quebrar,
A saliva a escorrer
Os aromas a penetrarem-nos no corpo...
Deixarem-nos sem norte
Sem vontade, vogados, vergados pelo prazer.
Esquecer o que é certo e o que é errado.
Nesse momento não existem regras, padrões ou morais...
Apenas o desejo
A vontade
As sensações que nos percorrem os nervos e nos transportam para outra dimensão,
Mais frenética, suada e quente.
O êxtase que sentimos ao tocar na outra pele...
O prazer que temos enquanto a língua nos percorre o corpo
O não pensar em nada e apenas sentir....

...é realmente extraordinário.

Um vestido leve a escorregar por entre as sombras de uma persiana entreaberta
Uma mão experiente a divagar num corpo semi nu na penumbra...
De olhos fechados para aguçar os sentidos,
Beijos nos lábios sedosos, de olhos fechados...
Como se aquele momento não fosse mais acabar!
Dançando juntos na penumbra
Beijando-se
Sem se verem...Apenas sentindo-se
Vagueando ao sabor da música das suas mentes
Percorrendo cada um o corpo do outro
Bebendo da boca do outro, como se fosse o elixir da vida...

Pesquisas