quinta-feira, 20 de novembro de 2008


Um olhar que permanece comigo desde o primeiro dia.
Um cheiro que me traz de volta ao inferno a cada segundo sem ter a sua fonte por perto.
Os pormenores que de súbito passaram a notar-se, a fazer sentido e a serem tão indispensáveis como se sempre tivessem lá estado.
Um calor que ainda sinto, mas sempre tão fugaz como da primeira vez...
Como se tudo fosse desaparecer no minuto seguinte...
A carne, o desejo, o toque, a sensação, o sabor, as bocas que percorrem os corpos como se sempre os tivessem conhecido e saboreado...as mãos que se tocam e tudo pára... O físico, o que nos dá terreno para termos uma mera lembrança, algo concreto...e que no fim não é nada!
Nada, nada disto tem importância...É como se nunca tivesse existido depois de um olhar, de uma expressão, de um sorriso esboçado sem se mexerem lábios doces de pecado, ternos de agressividade...
Nada, tudo perde valor diante de um olhar que deita por terra qualquer réstia de força, de vergonha, de orgulho... ´
Um olhar de soslaio que faz perder a noção de tudo o que é certo...
Um olhar tão distante mas que um dia esteve tão perto...
Um olhar que magoa mas que aquece, que fere e que lambe a ferida...
Um olhar tão quente e tão gélido...
Porque o gelo queima, queima como o desejo de me deitar sózinha, nua, desprovida de qualquer protecção, à mercê de tudo...e sentir um arrepio como se fosse o teu corpo a cair sobre mim para me olhar...
Um olhar que nada esconde e que tem tantos segredos, que me trava antes de avançar e que me prende quando eu só me quero libertar...

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